O seguro por uso consiste na utilização dos dados do posicionamento de um dispositivo de monitoramento instalado no veículo, complementando os modelos de cálculo de preços para cada apólice. Na prática, o segurado faz a contratação, agenda a instalação do equipamento, paga a primeira parcela e está coberto. “Nada de muito diferente do que já existe hoje”, comenta o especialista Renato Kakiuthi.
Ele esclarece, entretanto, que o método de precificação é diferenciado, ou seja, assim que o veículo tem o dispositivo instalado, inicia-se a transmissão de dados para os servidores da seguradora, que vão calcular os valores mensais com base nas informações reportadas. “Existem diversos modelos de precificação que podem ser utilizados, desde uma tabela fixa por quilometragem percorrida, até uma pontuação mais complexa sobre como o motorista dirige o carro, usando dados como aceleração e freadas bruscas, velocidade média, horários de direção e muitas outras variáveis que não eram possíveis de obter sem os equipamentos de telemática”, acrescenta.
E por que a solução ainda não é adotada pela maioria das seguradoras no Brasil? Kakiuthi reconhece que a resistência é muito grande por parte dos segurados. “A imagem da indústria do seguro é distorcida pelo grande público, pois para uma parcela desta população a confiança é baixa e a seguradora é uma entidade que fará todo o possível para recusar o pagamento de qualquer sinistro. E este raciocínio errado justifica que é moralmente aceitável omitir informações que podem levar a uma cobrança maior do valor do seguro, ou se valer de uma maneira para ter uma vantagem econômica de eventual sinistro. E por fim, seguindo essa lógica falha, toda e qualquer tecnologia nova, seja por meio do questionário do perfil, seja por meio de um novo sistema, só é boa para a seguradora, que vai descobrir mais facilmente uma fraude ou omissão”, opina.
Dados criptografados
O consultor Kakiuthi aprofunda o tema, lembrando que as seguradoras existem para pagar sinistros aos seus segurados, de modo que falta a percepção de que o seguro é um contrato de boa-fé entre as duas partes, e que o seguro é mutualismo, isto é, todos pagam pelo prejuízo. “Acredito que os pontos de resistência sejam até justificáveis, mas com uma boa definição de estratégia e gestão, com a aplicação de tecnologias de alta escalabilidade e um pouco de coragem, o seguro por uso é uma alternativa vantajosa para todos”.
Nesse contexto, ele explica que não faz sentido o medo de ter informações sigilosas de localização utilizadas para outros fins. “Os dados transmitidos geralmente são criptografados e enviados à seguradora ou ao prestador de serviço. Cada empresa recebe milhares de dados de posicionamento de outros milhares de veículos por minuto, e todo o cálculo do prêmio é feito pelos servidores da empresa. Não há contato de um ser humano com os dados enviados. Um operador da seguradora utilizará os dados de posicionamento única e exclusivamente se o segurado assim pedir, seja através de uma solicitação pelo aplicativo em seu computador ou smartphone, seja através de uma ligação para o serviço de assistência”.
É assim que, ainda segundo Kakiuthi, o seguro por uso traz a vantagem de preços mais acessíveis para motoristas com menor risco confirmado pela tecnologia embarcada, bem como maior comodidade e facilidade para o acionamento de serviços de assistência, uma vez que é possível a informação imediata de acidentes graves para serviços de emergência, ou até mesmo notificar à oficina o tipo de problema mecânico ou elétrico que um carro possui antes mesmo do veículo chegar ao local de conserto.
“Os segurados ganham com preços e serviços melhores, os corretores aumentam o volume de vendas nos nichos existentes e naqueles que estão fora do mercado, mantendo altos índices de retenção com a solução e ainda conseguem resultados melhores para as seguradoras. O seguro por uso é uma tendência mundial. No Brasil, é uma realidade ainda tímida, que já existe e que pode ser expandida, beneficiando segurados, corretores, seguradoras, empresas prestadoras de serviços e toda a cadeia ligada direta ou indiretamente ao setor. Neste ano, acredito que teremos pelo menos mais uma ou duas companhias testando o produto e os pioneiros serão sempre os que colherão os melhores frutos”, enfatiza.
Fonte: Sincor-SP – 10/03/2015.
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